A Busca por Ísis

O grupo sai e volta para o Salão principal, que estava vazio e já completamente limpo. O piso brilhava e as cores pareciam se mover nele enquanto andavam. O púlpito e o trono também estavam vazios. A Mixórdia vai em direção à porta principal saindo no pátio principal do castelo.

O pátio era bem grande, as crianças da Macacos Voadores jogavam alguma coisa, enquanto Marco Verdadeiro-Guardião treinava com outro Troll tentando se adaptar à seu novo corpo.

O Castelo do Crepúsculo ficava no Alto da Boa-Vista, um lugar nobre para o Povo Outonal onde era possível ver a cidade inteira. Todos sabiam que na época do Triunvirato de Imperadores das estações, o Castelo mudava sua aparência quimérica para refletir a estação do Governante, porém desde que os outros Imperadores abandonaram a Imperatriz do Inverno, deixando ela sozinha em suas responsabilidades, o Castelo cada vez mais refletia o Inverno que ela representava, independente do calor que fizesse na Cidade que já foi chamada de Maravilhosa.


O Povo Outonal via apenas uma enorme mansão, provavelmente de algum rico excêntrico, talvez de um ator da globo ou político. Por isso, normalmente preferiam nem chegar muito perto.

As muralhas eram reforçadas com algumas escadas do pátio que subiam até elas. A Mixórdia pega uma das escadas e consegue ver todo o Ducado do Belo-Mar ali com seus três Condados que obviamente também estavam em disputa.

- De uma lado, ao Sul, o Condado das Águas Fortes, um região pulsante e apaixonada, liderado pela Condessa Liliane ap Fiona, leal ao Duque mas que estava enfrentando forte resistência.
- Ao norte, o Condado das Águas Distantes, formada por uma região mais tranquila, mas que era alvo de disputa entre dois Condes Sluagh, o Conde Trevor Olhos-de-Corvo e Conde Victorio.
- Ainda mais ao norte, ficava o Condado das Águas Profundas. Um lugar mais sombrio e afastado, onde fica o gigantesco terreno da Família Munster e suas quimeras fantásticas. Havia uma disputa do Condado entre a mãe de Frosti e Conde Rodiart ap Eiluned pela região. Os rumores era que a Imperatriz havia passado missões impossíveis para eles em troca da região.

Olhando todo aquele local, era hora de pensar em como localizar Ísis, a última Filha do Inverno que faltava.

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O Troll observa cada um dos seus novos companheiros de mixórdia. Algo na Eshu lhe remetia ao passado e o gigante não esconde isso enquanto lhe encara nos olhos estrelados. Observava o belo rosto negro na tentativa de lembrar de algo mais antes de invariavelmente olhar para o pássaro em seu ombro que lhe marca com a desonra de não cumprir um juramento. 

*Será que nos conhecemos antes?*

O Troll olha para o Redcap, mas nãos e detém muito pois este era nojento e assustador demais para sua sensível delicadeza. O sátiro lhe intrigava, assim como Boogan com aspecto humano. Ainda não havia conseguido formular uma opinião sobre eles. 

O Pooka era uma outra história... Frosti se controlava com todas as forças do seu ser para não acariciar o gatinho bonitinho. O gigante amava os animais e as quimeras com muita intensidade e tinha um fraco por coisas... fofas. O suficiente para não pensar muito sobre a loucura do gato, afinal de contas ele é um Pooka. 

O Troll então limpa a garganta chamando atenção para si e agora com um sorriso largo, sem muita formalidade e com um maneira gentil e obviamente gay de falar (com língua presa e tudo), o cavaleiro da Casa Baalor fala: 

"- Acho que agora a gente pode se apresentar de verdade né? Eu sou Sir Frosti Munster da Casa Baalor, filho da Condessa Marilith Munster ap Baalor e ajudo a cuidar das quimeras na Fazenda de nossa família."

Ele então aponta para o Lobo Branco com apenas três patas ao seu lado e fala: 

"- E esse é o Frostbite, meu melhor amigo! Estou muito feliz em fazer parte dessa mixórdia e podem contar comigo! Sobre a nossa missão, eu fiquei pensando... O mairo conhecer de vaticínio do Império é o Conde Trevor, então acredito que este não seja o caminho... Alguém tem como achá-las por meios outonais? Também fiquei pensando se uma aventura no sonhar não poderia nos ajudar, talvez algum tesouro que mostro o que queremos encontrar..."


O Gigante olha para os demais esperando que eles também se apresentassem um pouco melhor e falassem sobre a missão.

Todos juram, o Glamour se agita e as coisas acontecem. Era sempre assim. Vovô Gregório termina de escrever, orientando a nova Mixórdia na sua nova missão. A ideia de dar tudo de si para um desconhecido era algo muito peculiar para Johnny. Era ele por ele na grande maioria das vezes. A despeito disso, ele tava ali pra achar a criancinha perdida... era o que tava mandando o script. Então era o que ele iria fazer.

A Imperatriz, então, dispensa o grupo, dando abertura para que eles pudessem, finalmente, iniciar a sua missão. As coisas estavam sendo desmontadas e estava na hora dos Desgarrados se juntarem e iniciarem a sua busca. Se Johnny tinha alguma ideia? Era óbvio que não! Ele segue com o grupo por entre o Castelo do Crepúsculo, até chegarem em suas muralhas. Os olhos amarelados do Redcap fitavam a paisagem que se esparramavam diante de si, abaixo das montanhas que sustentavam a residência da Imperatriz do Inverno no firmamento. O vento frio fazia os pelos da barba escarlate de Johnny estremecerem, mas ele se mantinha impassível apesar do frio.

Eis então que uma voz afetada estremece os tímpanos do Redcap. Ele vira e encontra a robusta imagem do Troll. Aquilo tudo era esquisito pra caralho. Parecia impossível que um armário daqueles fosse na verdade uma flor à desabrochar. Apesar disso, Muralha havia visto as habilidade de Frosti e não poderia se deixar engana por sua viadagem costumaz. O Troll começa as firulas de apresentação novamente, já emendando sobre a missão. Bruce aparece sobre a cabeça de Johnny e apenas fala:

'- Johnny-Muralha, Redcap... e Bruce... Balaios, parte fazer...'

Os apontamentos sobre a missão de Frosti eram interessantes, mas Johnny não tinha muitas ideias. Ele apenas dá de ombros, voltando a olhar para a imensidão abaixo deles. Em algum lugar das águas, fossem as fortes, distantes ou profundas, estava Ísis em meio a o turbilhão de Glamour.

Vovô Gregório dá fé aos Desgarrados como Mixórdia. Quando ele fala sobre reforçar os laços entre seus membros, Dandara repara que uma fagulha se acende no olhar do Troll que parece tentar lembrar de algo. O olhar sempre vigilante do sonho de honra é atraído instintivamente à Asiri, a parte quebrada da Eshu. Após tanto tempo já se acostumara com esse julgamento, mas ainda assim, isso a entristece.

Agora era diferente, eram uma trupe. Seus pares, não seus peões.

*Diferente do que somos para você, não é mesmo, minha querida?* - Pensa a Eshu ao olhar para a Imperatriz. Agora que tinha o Glamour de seus pactos para alimentar sua nobreza, a frieza voltava em rapidez e objetividade.

Se despede com uma reverência da Sidhe e seus pés começam a caminhar.
De volta ao salão já limpo e com uma impressão de ondas holográficas multicoloridas se movendo pelo chão, a trupe vai até a porta principal.

A visão que se abria era uma mistura de inocência da infância, compreensão do amadurecer e frieza no âmago de uma terra que exalava calor. Ao caminhar um pouco mais, conseguiam vislumbrar todo o Ducado do Belo-mar.

Seus olhos estrelados encaravam as diferenças entre as áreas nobres contrastando com as comunidades no mundo outonal. Ao mesmo tempo, havia muito da esperança nas comunidades trazendo uma luz brilhante em meio à pontos de escuridão.

Seu devaneio é interrompido por Sir Frosti. Sua voz trazia uma doçura inocente ao se apresentar agora com mais detalhes. Após ele, o Redcap grune e sua quimera Bruce anuncia sua união com os Balaios.

"- Jhonny, que seja bem vindo. E estou feliz em tê-los conosco, Sir Frosti." - A Eshu fala com polidez se referindo também a Frostbite.

"- Eu sou Dandara, amiga do vento. E como meu amigo que leva as melodias, minhas palavras alcançam as pessoas esquecidas do mundo Outonal. Minhas andanças me levam a vários caminhos e por onde estas palavras tocaram os que lá vivem me reconhecem com respeito. Prezo pela liberdade de cada um escolher seu próprio rumo, sem grilhões ou âncoras que lhe prendam contra sua própria vontade."

No tocante e missão, Dandara pondera:

"- Me intriga como Conde Victório conseguiu o nome Outonal sem maiores pistas. Algo deve a estar protegendo de ser encontrada dado que após o rompimento da Crisálida seu Glamour não foi mais detectado. Não sei se meios Outonais seriam eficazes, dado que temos apenas o primeiro nome... Se Edwin é velho demais, já temos pelo menos um norte acerca da idade. Posso tentar conseguir alguma pista com a poeira e o vento, mas ainda assim, precisaríamos de algo que pudesse diferenciar a ultima filha do Inverno com mais certeza."

Tão logo a promessa é feita e o grupo é batizado, Libério sente seu peito encher de confiança e vontade, um sentimento de “coisa certa”. Os Desgarrados são conduzidos de volta para o salão principal, agora, limpo. O ar gelado do inverno se fazia bastante presente no Castelo do Crepúsculo.

Os Desgarrados, então, finalmente sozinhos, podiam ficar mais a vontade. Sir Frosti era o primeiro a se apresentar. Libero olhava com interessa a cada palavra dita pelo Troll e sua língua presa. O Sátiro toma nota de Frostbite assim como mantém Ubastet deitada em seu ombro. Sem meneios, foi a vez do Redcap e seu pequeno golem de pedra se apresentarem. O nome Balaios não era estranho, mas não o remetia a nada de imediato – nem Johnny “falava” mais sobre. Por fim, a Exu e seu pássaro. Dandara era polida e intrigava o Sátiro. Pregava liberdade, para muito satisfação de Libério...

* mas até que ponto? *

Libério faz um carinho com os lábios na cabeça de sua quimera e se põe a falar, com um sorriso no rosto. Era como se a história do celular já fizesse parte de um passado distante.

“- Sou Pater Liber... E questa bambina si chiama Ubastet. E o que mais dizer? Tenho um cantinho na Baixa Lapa e tento dar a quem procura um pouco de...”

Estala os dedos e movimenta a mão com um vai e vem sugestivo, enquanto tenta encontrar a palavra:

“- Putanalhada? Onde todos são benvindos a se divertirem e serem quem são e descobrirem o que podem fazer.“

Olha para o Troll com um brilho nos olhos e um sorriso sutil de quem quer saborear algo doce. Logo, ele corta o próprio pensamento, voltando-se para o Boogan:

“Também un vecchio amico di signore Pret a Porter, mas deixo ele fazer sua apresentação...”

Ele beija a ponta dos dedos e estende ao mesmo e segue falando, mantendo um sorriso:

“Bem... Come visto, tivemos problemas e vou comer o culo de quem me ferrou. Ainda assim, lá pode ser um cominciare se formos buscar Isis pelo meio outonal. Tuttavia, penso come ha detto Dandara, não temos muito para explorar sem maiores pistas.”

A missão estava dada, a trupe estava formada, e esta, sem rodeios, era pela Sidhe dispensada. Enfim, algo novo no sonhar e nada de novo no sonhar.

Com uma educada mesura Pret se despede dos nobres e segue com sua nova mixordia pelo agora vazio salão principal rumo aos pátios externos do palácio invernal.

*Se algumas coisas só acontecem quando o sertão vira mar e o mar vira sertão, me perguntou os agouros que não chegarão quando neva no Rio de Janeiro em pleno verão... Hahaha.* - Pensa rindo da própria desgraça.

Com todos já fora, contemplando a vista e as atividades cotidianas das quimeras e dos kithain que ali se quedavam, o gigantesco Troll, com sua peculiar doçura, quebra o silêncio e inicia a prosa.

Um a um os membros se apresentam de forma mais amistosa e, após o comentário de Libério, Pret a Porter sorri um sorriso amigável e convidativo e fala a todos:

' Henrique, Pret-a-Porter, Bragança. Às vezes Rique, às vezes Pret, em ocasiões Porter, mas nunca exatamente Bragança, pois muito brega e demodé. Estilista, diva extraordinaire e libertino nas horas vagas. Tenho um pied a terre que funciona como meu atelier e residência, que divido com Liber na Lapa. Todos são muito bem vindos à nossa humilde acomodação, é claro.'

Ele faz um pequeno e divertido floreio para todos e, após se apresentar, olha para a Eshu e comenta:

'- E, minha querida, nunca fique intrigada da forma como um Sluah consegue qualquer coisa. Apenas seja grata que não foi você que teve que se enfiar por seja lá que dreno de esgoto eles tiveram de se esgueirar para conseguir a bendita da informação. Santificados sejam. Eles sempre têm as melhores fofocas, não é mesmo? Hahaha... Mas, bem, se é uma criança e tem um nome, talvez haja uma queixa de desaparecimento...'

*Achar alguém? Eu não sei nem me encontrar caralho... Olha.. Cores..*

Chô acompanhava a recém batizada Mixórdia um pouco mais afastado, enquanto se distraia saltitando entre cores, que, tentava acertar, porém, sempre as errava..



*Malditas cores..*

Quando Chô invariavelmente esbarra naquilo que ele descobrira ser um Boogan e não um Kinain, todos se apresentavam ..

*Gosto dessa preta...Ela não tem cores..* - Pensa um mentiroso Cho enquanto escutava palavras de liberdade

Enquanto escuta as ultimas apresentações, Chô se adianta e, de maneira extremamente distinta, para um esfarrapado, se apresenta:



“-Perdão por mais cedo, por qualquer ofensa involuntária ou informação desencontrada.. – Ele bate em seus trapos como se tirasse alguma poeira de suas vestes, o que era, visivelmente impossível, dado que a sujeira era mais sólida que as próprias roupas - .. Me chamo Ravenclaw Sonserinus, e, atualmente resido nos drenos de esgotos da zona sul, os melhores, evidentemente, também são bem vindos em meus territórios..”

E, faz uma mesura desmedida a todos...



“-Bem, se eu fosse um cachorro, eu farejaria ela, mas, não sei se eu sou, então, não posso, mas, eu adoro passarinhos, e, muito eu observo eles... – Ele faz uma cara de faminto para o pequeno empoleirado na Eshu - .. Quando eles tem tesão em algo, eles voam na direção, quando um deles peida, todos fogem, então, se tem uma criança por ai que ta cheirando bem, e, todas as outras não cheiram mais a nada, é só ir na direção oposta aos pássaros..”

Todos se apresentam e Pret e Liberio falam sobre seu lugar. Na verdade todos já tinham ouvido falar do Freehold poderosíssimo onde um Sátiro e um Boggan eram seus proprietários com algumas lendas sobre o lugar. Corriam algumas histórias no Reino dizendo que havia pelo menos uma dúzia de Kithains perdidos porque simplesmente a casa não deixou eles saírem. Outras histórias diziam que a casa, após alimentar e embebedar alguns convidados os guiavam para calabouços sadomasoquistas do Sátiro para que nunca mais saíssem. Havia um Pooka que jurava que entrou e só conseguiu sair depois de achar o órgãos genitais da própria casa e trepar com cada um deles. Freeholds poderosos eram assim, muitas histórias, algumas reais, agumas fantasiosas e outras que a fantasia fazia virar real.

Frosti já tinha, sem querer, escutado sua mãe conversando com seu amado sobre como um dia recuperar de volta um lugar de poder desses que um dia havia pertencido aos Nobres antes do Quebrantar.

Havia também um certo incômodo em Frosti ao olhar Dandara, tinha agora certeza que já havia conhecido antes, em outra vida, mas era impossível lembrar qualquer coisa sobre isso.

Johnny, o mais velho do grupo, vendo o Ducado do alto se lembra da época que pilotava sua moto com os Balaios, muitas vezes sem rumo, e acabavam chegando em algum lugar incrível com animais maravilhosos e comiam todos.

Na região controlada pela Mãe de Frosti, bem ao longe um pássaro gigante sobrevoava enquanto do outro lado do Ducado uma Wyvern surgia no céu vinda de algum portal do Sonhar para caçar algo e voltar para seu lugar de origem.

O passarinho que Chô olhava pressente o perigo e voa em direção a um bando de passarinhos em uma direção, na mesma direção, um vento forte batia fazendo uma cena maravilhosa da Trupe com suas vestes quiméricas no topo das muralhas do Castelo do Crepúsculo.

'- E então, meus caros. O que me dizem de continuarmos esta conversa lá em casa? Libério tem alguns assuntos desagradáveis que precisa resolver e eu, bem, eu estou desejando um chazinho com bolo.' - Fala convidando a todos

*Então são eles!* - Pensa a Eshu ao compreender que eram os donos do Freehold qual ouvira tantas histórias incríveis.

Em meio ao devaneio, percebe o voar assustado de Asiri e o acompanha com o olhar. Seus olhos trilham o caminho reverso, dão de cara com o olhar faminto de Chô.

"- Lhe aconselho procurar outra caça. Este é parte importante de mim, e apesar de um dia ter sido ameno e doce, garanto que hoje seu sabor é por demais desagradável a quem não é acostumado. "

Asiri perdeu seu canto, ficando apenas o gosto profundo e amargo do juramento rompido. Esse era um dos únicos pontos que levava Dandara para um lugar tão longínquo que não saberia se conseguiria percorrer o mesmo caminho novamente.

*Ou se alguém confiará em mim para trilhar esta estrada junto novamente...*

Sacode a cabeça tentando espantar o pensamento por um instante e responde o Boggan.

"- Será um grande prazer conhecer um Freehold com tantas histórias."

Tira o lenço de seus cabelos amarrando o turbante de forma a subir um tanto de tecido nas laterais, como uma elegante coroa de algodão africano, mas tomando o cuidado de deixar um espaço ao centro, dando acesso aos seus cabelos. Estende a mão chamando Asiri para ali se aninhar se assim quisesse e se põe a caminhar para junto de Porter, coroando o aceite ao seu convite.

As apresentações são feitas. Eram um grupo diverso. Johnny não dá muita importância ao novo nome do Pooka, mas muito lhe interessava o tal recanto do Boogan e do Sátiro. O Rezingão era velho como o vento frio que embaraçava as vestes quiméricas dos desgarrados ali na muralha. Já havia ouvido falar do lugar, mas suas andanças nunca o levaram para aqueles lados da Lapa. Seria uma oportunidade. Quando o Boogan oferece a hospitalidade, assim como a Eshu, o Redcap concorda com a cabeça. Ele já pega a chave de sua moto, se preparando para seguirem até o tal lugar. De moto, ele desceria as montanhas que sustentavam o castelo do firmamento muito rapidamente; chegar até a Lapa era questão de minutos.

*Será?*...... Chô olhava o pássaro... *Será???*... Escutava o aviso.... *Será??*... Enquanto refletia?

*Será que vão voltar a vender o cheetos tubo vermelho? Por todo o sonhar, era a melhor coisa do mundo...*

"-Desculpem, o que diziam mesmo?" - Fala enquanto percebe a movimentação estranha entre lábios e membros..

"-Ah sim, achar a criança...." - E, na mesma direção do vento, Chô sai assobiando naquela direção e, tão logo atravessa por trás da árvore onde estavam amontoados os pássaros, assume sua forma de gato e diz..

"-MIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAU..." (-Vamos, é por aqui..)

Ao miado alto de Chô, Dandara se adianta. Seus calçados foram destruídos e, ao invés de intencionar repor, ela apenas continua a andar com seus pés descalços tocando o chão.

A cada contato da sola de seus pés com a fina camada de gelo e poeira, a frase do gato ecoa em sua cabeça:

*Ah sim, achar a criança...*

Ela, que caminhava ao lado de Pret começa a adiantar um pouco o passo. O Boggan delicadamente os conduzia para o Freehold, no rumo da Lapa, mas o vento...
O vento, os pássaros, até o Pooka pareciam parte de um quebra cabeças óbvio. Começa a cantarolar uma música que não era destes tempos:


A Eshu claramente começa a mudar de direção.

"- Por aqui certamente chegaremos mais rápido!" Diz com confiança a negra de olhos estrelados. "- Esse vento sussurrou um ótimo caminho que me conhece!"

O vento forte passa novamente por seus cabelos e Asiri alça vôo para esticar suas asas mais uma vez antes de voltar ao ombro da Wylder e de lá, se aninhar em seus cabelos.
Ele sabia que quando as estrelas de seus olhos brilhavam daquela forma, os ventos poderiam mudar de direção a qualquer momento.

O Troll fica feliz em ouvir as apresentações de todo é um pouco surpreso ao lembrar das histórias sobre o Freehold e de como as pessoas se perdiam nele.

*Será que eu vou ficar perdido? Mas se tiver bolo de brigadeiro e a coletânea da Britney tá tudo bem…

O Troll vai seguindo com os demais assentindo com a cabeça e sorrindo gentilmente enquanto segue com sua nova trupe para a primeira aventura!

Quando Chô reaparece em forma de gato o Troll para o passo por apenas um segundo enquanto usa tudo de suas forças para não pegá-lo no colo e fazer carinho em seu palco macio. Frosti amava animais e Quimeras. O Cavaleiro respira fundo e consegue então se controlar, por enquanto….

O Pooka salta repentinamente, tomando a forma de um gato. O zombeteiro parte numa outra direção. Nada novo sob sol, não fosse a Eshu se aventurar do mesmo modo e propor seguir por aquele caminho! O Redcap revira os olhos, já agoniado com aquela falta de decisão. Aquilo lhe dava fome! Num ato instintivo, o Rezingão agarra um galho de uma árvore - a mesma onde segundos antes o gato havia pulado -, arrancando-o. Johnny começa a comê-lo tal qual uma perna de peru.

'- GRRRR...'

*Quem eles pensam que são e o que pensam que estão fazendo?*




'- Vocês rejeitam a minha hospitalidade?'


O semblante do Jovem Boggan assumia traços nada agradáveis.

Chô, observava muito atentamente aos pássaros, quando escuta a Eshu dizer ser amiga de um vento..

*Comida...*

... Quando então uma aparente comoção se dá com o Kinain..

*Oh... que folha malandra...*

.. O Sátiro, por sua vez..

*Ele é um sátiro...*

.. Parece querer muito que aceitássemos ir para o Freehold ao invés de procurarem a criança..

*Ele deve saber de algo que não quer me contar..*

.. Chô então volta-se ao grupo, com sua diminuta pata, ajeita seus diminutos óculos e diz..

"-Oh, claro que eu aceito, afinal, como a menina pode estar em qualquer lugar, ela pode muito bem estar lá.."

E, começa a caminhar displicentemente na direção do grupo, passando pelas pernas de uns e de outros até finalmente saltar na garupa da moto do imenso Redcap.

*Cadê aquele mini pokemon da barba dele, se sair eu pego..*

Uma expressão de espanto estampa a face de Dandara...

"- Rejeitar sua hospitalidade? De forma alguma."

...mas sua voz continua tranquila.

"- Será um prazer conhecer seu lugar." diz novamente em resposta a Pret e agora também a Libério. "- Mas da mesma forma que eu não haveria de me intrigar de como um Sluagh consegue suas coisas, você também não deveria quando uma Eshu sugere um caminho."

*Era só o que me faltava mesmo...*

"- É claro que sei por onde devemos ir. Podemos, então? Não quero me atrasar."

Indica novamente uma direção diferente da que corriqueiramente Rique usaria. Ainda completa:

"- Ah! E me agradará muito também um chá. Meu preferido costuma ser o preto, com especiarias e leite, mas tenho certeza que quando chegar a hora, você irá surpreender, assim como o fez com o traje do Verdadeiro Guardião."

Um sorriso confiante se instala na boca da negra de olhos estrelados.

Pret olha profundamente nos olhos de cada um. Sua expressão era dura e incisiva, mas esta imediatamente se desfaz quando tudo se mostra apenas um mal entendido.

*Claro que eles não estavam negando a minha hospitalidade, né? Quem em sã consciência faria isso?.*

Já de volta com uma feição amigável e sorridente o jovem Boggan responde para todos, mas especialmente para a Eshu:

'-Excelente então! Vamos todos lá pra casa seguindo o caminho de nossa queridíssima e, indubitavelmente, orientadíssima princesa de Ébano. Bom... quase todos..." - Fala o final da frase com um olhar maliciosamente sacana na direção de Libério.

'-E então, mon ami, vai resolver a burocracia pra liberar a sacanagem, ou vai tomar essa no cu pra participar da orgia?"

E, sem muito esperar a resposta, afinal, só lhe interessava mesmo fazer a pergunta, sai caminhando junto à Eshu.

O Gigante observa o pequeno mal entendido, mas ele logo é resolvido e todos parecem seguir a Eshu. Frosti então vira para a Eshu e fala:

" - Então nos Guie minha amiga! E que nosso caminho seja repleto de aventuras para que possamos provar o nosso valor!" 

Ele então vira para o Boggan e fala: 

"- Já ouvi falar muito de vosso Freehold, dizem que é um lugar fantástico..." após uma pequena pausa, ele continua em tom baixo.

"- Será que a gente consegue umas comidinhas sem glutém e sem açucar e sem lactose? Sabe como é, um segundo na boca e uma eternidade na bunda..."

Antes que pudesse responder Pret, o Sátiro pega o gancho da fala do Troll:

“- SIIII! L'ETERNITÀ NEL CULO! ADORO! HAHAHA”

Ainda entre risos frenéticos, Liber responde:

“- Temos tutti que precisar e por quanto tempo aguentar!”

De imediato já volta se põe ao lado do Boogan e da Eshu. Arqueia uma sobrancelha quando lembra que sim, existem problemas a serem resolvidos, mas não diminui a satisfação do grupo ir ao freehold.

“- Io não quero passar uma eternidade nel culo do Breno, se é isso que você quer saber, Pret.  Talvez melhor liberar a sacanagem e meter uma rolada só? Si, ma va depender do cazzo que encontrar lá...”

Segue ao lado do grupo, orientado por Dandara.

Enquanto caminhava, Pret gargalha da resposta de Liberio e, após se recompor, responde à pergunta da amigah troll.

' Amada, tudo lá lhe preenche, mas nada lhe engorda... A não ser, claro, que esse seja o seu desejo.'

O Boggan sorri e segue o rumo

Todos sabiam da fama dos Boggans, além de grandes fomentadores de informações, possuíam um senso de gratidão bastante peculiar. Havia até um ditado:

"É mais fácil um dragão abandonar seu tesouro do que um Boggan perdoar uma desfeita." Sempre seguido de: "E Boggans colecionam desfeitas como dragões colecionam tesouro".

O grupo desce o muro do castelo e seguindo a Eshu atravessam o portão principal, andando alguns metros em direção às árvores que rodeavam o lugar, entram um pouco mata adentro até as árvores estarem um pouco mais fechadas e enfim, ao passar abrir a mata com as mãos a Mixórdia se viam a alguns metros do Freehold do Sátiro e do Boggan que eram o seu destino, ao olhar para trás não havia mais mato, nem árvores, apenas um sinal de trânsito que não funcionava.

Na entrada da parte onde Libero controlava havia uma viatura de polícia e um outro carro escrito "Vigilância Sanitária", o gerente que não fazia a menor ideia da importância daquele lugar vai até Liberio, preocupado:

" - Chefe, a coisa agora complicou. A Vigilância Sanitária tá fazendo uma fiscalização, tentei segurar eles até você chegar, mas vieram com a PM. Aí me fodeu... Tentei oferecer um troco pra eles e é a primeira vez que eu vejo esses caras da vigilância negarem dinheiro.. Tá com cara é de armação, alguém deve tá dando alguma coisa pra eles por fora, um concorrente, sei lá.. Mas quando eles querem, eles acham alguma coisa e já dão a notificação por escrito e a casa fecha na hora. Fora que os clientes não ficaram muito felizes quando foram revistados sem um mandato de busca."

Cada palavra que o homem falava era mais enfadonha que a outra, aquela era a parte mais importante para ele. Ele então continua comentando algo que já não era tão importante.

" - Ah, um casal também apareceu por aqui procurando o senhor, senhor Henrique. Disse que são os pais da... qual o nome mesmo... Andréia... não não.. Aísis ou alguma coisa assim.. Falei para eles esperarem lá na sala enquanto te ligava. Enfim, vamos lá resolver isso Liberio, esses PMs tão ruins de jogo hoje."

Há alguns meses atrás um grupo foi até eles se oferecendo para comprar o local e obviamente foi negado, depois disso parece que as fiscalizações haviam aumentado, mas nunca a esse nível. Além disso, os dois conheciam seu Freehold e havia uma sensação estranha. Aquela casa não estava feliz hoje.

Depois de resolvido o mal entendido, o grupo finalmente parte depois dos fornicadores se ouriçarem. O grupo segue pela floresta mata adentro, embrenhando-se na mata fechada. Não demora muito para que as folhagens desvendem o fim do caminho e a trupe saia direto no freehold dos punheteiros. Por detrás, a mata dava lugar a um sinal de trânsito fodido. Na frente, a situação se mostrava subcaranguejal, com direito a carro de polícia e vigilância sanitária. Muralha odiava ambos... talvez mais a polícia... talvez mais a vigilância... eram todos uns putos vagabundos enchendo o bolso de grana. Por vezes eles apareciam no bar para arranjar confusão e Johnny já teve a felicidade de enfiar a mão na cara de um desses viadinhos da vigilância quando o mesmo quis fechar a bodega dos balaios.

'- GRRRRR...'

O Redcap cerra suas mãos, as manoplas pareciam famintas de confusão. Sentiam o cheiro de longe. Entretanto, não era o papel de Johnny se meter na fuleragem alheia e o Sátiro que se virasse pra resolver o seu BO. Talvez, por um preço, o motoqueiro poderia ajudar de maneira mais proativa, mas, por enquanto, ele só observaria.