A busca por Ísis continua

O Império do Crepúsculo não existe mais.

Após a quebra do triunvirato de imperadores que regiam durante seu respectivo tempo. Os reis por todo o Império assumiram o controle de seus próprios reinos.

Dos três imperadores, a única que ainda se faz presente é a Imperatriz do Inverno, que se proclamou a única Imperatriz de um Império acabado, se recusando a aceitar novos imperadores no lugar dos antigos.

Como a antiga capital do Império, o Ducado do Belo-Mar é o centro das últimas batalhas pelo poder para a restauração de um local unificado.

Porém, a Imperatriz possui seus motivos. Em sua jornada onde perdeu seu coração (há vários boatos sobre isso, uns dizem que foi uma barganha por poder, outros algo relacionado ao seu filho entre muitas outras histórias) foi revelado à ela uma forma de ver com precisão como seria o Inverno Eterno, algo que estava bloqueado até aos maiores oráculos. Ao ensinar à Conde Victorio, um Sluagh e um dos maiores especialistas na arte da adivinhação do reino ela conseguiu replicar o ritual e para mostrar para outros.

A visão mostrava o fim de tudo e demonstrava a urgência de enfrentar os perigos de frente. O Sonhar demandava seus ciclos e os Kithain, provavelmente contaminados pela banalidade de seus corpos e mentes mortais, lutavam contra isso. Era hora do Inverno chegar, para que enfim a Primavera volte a surgir. Evitar isso traria o desequilíbrio e acarretaria no Inverno Eterno.

E o maior exemplo desse medo e covardia era a Corte do Duque Keldriam ap Gwydion que insistiu em formar grupos de coalisão para retirá-la do poder e manter o estático e já cansado Outono que se arrasta por décadas. O Duque já foi casado com a Imperatriz e juntos eles possuem um filho, Edwan ap Gwydion.

O grupo foi chamado e foram passadas as informações após eles verem o destino que espera com a estagnação e o medo do novo. Os primeiros filhos do Inverno haviam nascido e eles eram necessários para a preparação dos tempos difíceis que vinham. Porém, havia mais uma chamada Ísis que estavam tentando rastrear. O grupo faz um juramento de resgate e em troca a Imperatriz acataria um pedido de cada um que estivesse ao alcance dela.

Ao voltarem para o Freehold de Pret e Liberio, uma parte do grupo vai até o casal que estava aguardando na casa, enquanto o outro grupo foi lidar com uma batida que estava tendo na parte que o Sátiro cuidava.

O grupo finalmente se encontrava à porta do Freehold. A alguns metros de distância, na outra porta da entrada da casa noturna de Liberio era possível ouvir uns gritos e risadas, fora um glamour caótico que parecia sair de lá de dentro. Um grande fumaça subia até o céu um pouco mais longe, enquanto quem estava com o casal na parte de dentro tentava ajustar sua visão novamente após a loucura que havia sido lá dentro. O telefone havia tocado e eles partiram para resolver algum assunto de sua filha. Todos reunidos, parecia que era hora de alinhar a situação de cada grupo depois de um tempo que pareceram meses sem se encontrar.

Cho retornava ao freehold sem saber bem o porque daquela enorme problematica…

*Sim, devem ser os carros, nunca vi algo tranquilo que adveio de carros…*

“-Um perigo se me perguntarem..” - Continuava o pensamento em voz alta.

Percebendo-se dentro das imediações daquele ambiente Dominical, parece finalmente notar o restante de sua mixórdia e diz..

“-Vocês servem gelo aí dentro? Frosti está derretendo…”

Fala enquanto da uma travada em um cigarro e chamas não coerentes com a brasa refletem-se em seus óculos escuros…

“-Vocês precisavam ver ele dirigindo… um perigo… deve ter assustado a pequena Ísis, eu estava quase alcançando-a…”

Percebendo que seu cigarro havia apagado dada su inabilidade para fumar, ele pergunta…

“-Alguém viu fogo por aí? Porque o terror do titanic ali fez questão de apagar o meu…”

Ele da um longo suspiro que quase termina com um ronronar e continua…

“-Vejam, se queremos chamar a atenção d pequena isis, porque não mostrar à ela um farol para ela seguir? E, que melhor instrumento para isso que uma fogueira? Mas naaaaaaao, o vilão dos ursinhos carinhosos tinha de ir lá e cortar o barato, E AO MEIO - diz com um teatral gesto de indignação - ..
Bem, pelo menos entretemos uma plateia e agora somos conhecidos como o grupo “Chill”.. certamente chegará aos ouvidos de Ísis, que deve ser uma gata!”

Ele se vira para frosti e diz..

“-Mas você realmente deveria dirigir melhor…”

Não sabia se por conta das especiarias que Pret colocara no chá ficara mais fácil acessar um pouco do Sonhar. As cores voltavam a parecer mais brilhantes e o tempo, que dançava livre nas mentes abertas, voltava a dançar em sua própria velocidade. Um tempo que o casal a sua frente não ousava ou mesmo se permitia por ele deixar levar. E este mesmo tempo que rodopiava pelos cantos, após uma pirueta perfeitamente executada com a derrubada do chá pela costureira, foi interrompido por um violino desafinado infiltrado em sua orquestra: o maldito telefone.

Dandara começava a criar um imenso ranço de celulares... em seu insistente vibrar por atenção, aquele aparelhinho do inferno despertava um pedaço primal que cabia a parte Outonal, que um dia habitara sozinha o corpo da Eshu e teimava em cobrir caminhos que lhe acessavam o passado, dificultando o acesso à tantas vidas já vividas e limitando-a ao tempo presente. O casal se vai apressado e aqueles poucos minutos vividos, que mais pareciam messes inteiros, recaem sobre os ombros da viajante.

Procura Asiri em volta, quase que buscando a si mesma em sua cicatriz muda e emplumada, e sentindo o vento estranhamente frio à porta do Freehold (ou será que o frio vinha dela mesma?), passa o olhar pelas flores da fachada, ainda coloridas pelo efeito da alquimia e comenta:

"- Não sei bem o que você colocou no chá, Pret... Mas talvez seja bom levarmos um tanto disso conosco."

Voltando o olhar para Porter e Muralha, continua:

"- Aquele livro devorador de quimeras é um mal a este mundo." - diz lembrando da fadinha. - "- E mesmo agora que eles o levaram daqui, ainda parece que o peso dele reverbera. Precisamos ir ao encontro da menina, e logo."

A dupla inusitada se aproximava com o Pooka falando mil informações sobre a eternidade que passaram fora com a coerência completamente frenética, assim como a perseguição que acabaram de participar.

"- Se os pais dela falam a verdade, não é só seu barato que foi partido. A jovem Ísis está em péssimos lençóis... Brancos, frios e sem graça..."

A fala atropelada do gato lhe traz de volta a sentir a terra sob seus pés, fazendo o tempo se alinhar novamente ao presente, guiando seus olhos estrelados para Frosti. Apesar de tudo, os dois pareciam felizes juntos e isto traz um pouco de alívio ao coração pesado da Eshu.

"- ...mas deve ter sido uma grande aventura, Chô! Não sei como fizeram a fogueira, mas ainda dá pra ver o sinal de fumaça daqui. Espero que a menina não se perca."


O Glamour caótico do lado Libertino do Freehold ajuda a compor o plano de fundo para a história sem pé nem cabeça do gato. Enquanto aguarda Libério se aproximar, fala:

"- E agora, partimos? Preciso esticar as pernas e temos muito caminho ainda e a impressão que tenho é que já ficamos tempo demais."

*Ai ai, pela perolas de mamãe, que confusão é essa?...*

Pret ainda curtia o finzinho de sua lombra e a silenciosa satisfação de ter destruído aquele livro medonho, quando uma peque algazarra parece se instalar perto da porta de sua casa. Dandara é a primeira a falar mencionando o livro, ao que Pret responde com um sorriso malicioso nos lábios:

“Não se preocupe, minha querida, eu me certifiquei que aquele pedaço de papel maldito nunca mais seja lido por ninguém. Não vê, até as quimeras voltaram a rodopiar.” – Diz apontando para pequenas quimeras que surgiam por entre as flores.

“- Mas sim. Temos que ajudar a criança. E sim, terei mais chá à postos hahahaha.”

O Boggan pega um biscoitinho amanteigado da mesa de canto e vai caminhando até a porta para receber os dois colegas que retornavam.

‘”- Olá de novo, parece ter sido divertido esse momento velozes e furiosos de vocês. Quanto ao gelo.. hmmmm.. acredito que um dos cômodos de Dionisius possa ou não ser um bar gelado, depende do humor dele... Di Di, providencia uma bar gelado pro grandão, baby, por favor. Prometo que depois a gente faz uma festa aqui com você.” – Fala as últimas frases fazendo um leve carinho nas paredes do Freehold.

Potter põe a cabeça pra fora da casa e escuta os gritos e risadas vindas da “boate” de Libério. Ele dá uma pequena risada e pensa

*Puta. Ahahah*

“- Venham, venham. Sentem-se. Temos muito o que conversar. Aparentemente a menina está em uma instituição mental e, estranhamente, o diretor desta dita instituição parece saber quem somos e até mesmo desejar uma visita nossa ao seu construto... ou seja, estamos indo para a boca do lobo e ele quer nos devorar. Se vamos partir, bem... precisamos esperar Liberio e talvez um plano também fosse bom... mas talvez não... às vezes apenas o mais absoluto caos traz a solução.”

O Gigante volta de sua aventura com o Gatinho fofinho, porém insano, e parece feliz consigo mesmo. Derrotar um inimigo é sempre algo que anima qualquer Troll.

O Gigante parecia bem suado e quando o Gato comenta do gelo ele fala:

"- Tô derretendo mesmo..." fala enquanto enxuga a testa devido ao calor de correr de volta até aqui. 

O Troll escuta as trocas e opiniões dos membros de sua mixórdia com direito a muitas expressões faciais fortes e dramáticas enquanto escuta sobre o livro da banalidade, o doutor misterioso que prendera a filha do inverno e tudo que havia passado ali. 

Se dirigindo então a todos ele fala enquanto ergue um pouco a sua enorme espada de duas mãos: 

"- Então nós temos que salvar uma criança das mãos de um mal feitor? É isso? Estou pronto! Quando partimos?"

Seu lobo do inverno de 3 patas estava ao lado cheirando o ambiente.

Como uma vó zeloza, Frosti encontrava baldes de gelo em cima de uma das mesas.
Havia também vários tipos de doces, sucos e um grande prato de sardinhas.
Em algum frequência muito sutil a casa parecia feliz em ter aqueles visitantes e toda aquela movimentação.
O ar também ficava mais gelado, deixando mais fresco para todos acabavam de vir de uma perseguição cansativa.

O casal tinha passado o nome da clínica onde Isis estava, dava uns 20 minutos de carro até lá. Ainda não estava claro como tinha sido tratada a situação da fiscalização que tinha batido no local também

'- Obrigado, Didi. Você é um amor.' - Agradece o jovem Boggan ao seu Freehold.

Ele olha para os demais e indaga:

'- E aí, bolamos um plano ou tocamos o terror e seja o que as brumas quiserem?' - o final da frase tem um leve toque de malícia e desejo.

O Freehold dos dois era mesmo incrível. Dandara por um instante se sente tentada a abandonar um pouco de sua tensão ao perceber que, mesmo saindo apenas alguns instantes, tudo estava pronto para acolher, confortar...

*Uma senhora cuidadosa com alma de puta.*, como conhecera tantas em outros tempos, onde os senhores abastados ainda andavam maquiados e os saltos não eram um martírio exclusivo das mulheres.

"- Eu não tenho o que preparar. Já carrego comigo tudo que preciso. Não sei se tocar o terror... mas clínicas deste tipo costumam ser um poço sem fundo de banalidade. Quanto mais tempo ela passa lá, pior. Por mim, partimos o quanto antes."

Chô escutava tudo com a atenção de uma criança de 4 anos completamente entorpecida pelo ácido lisérgico..

*Que barulho é esse?*

.. Então dirige-se a mesa onde estavam as comidas, e, antes de passar por debaixo dela, e emergir como um gato preto de óculos, lança o questionamento..

"-Se os filhos da puta voassem, conseguiríamos enxergar o céu?"

.. e, já em sua forma de gato, sentado diretamente sobre as sardínhas, complementa.

"-Plano??? Que coisa mais banal.. tudo que precisamos é chegar lá e fazer com que ela lá não esteja mais... Igual Ao coração de uma certa monarca.."

.. Dito isso, Salta para baixo com uma sardinha na boca e começa a sair da sala como se soubesse exatamente onde ir..

"-Olhem... Nada contra a arrumação do lugar, mas, onde vocês puseram as portas e janelas? Não sei se é a melhor hora para avisar que eu posso ou não ter peidado.."

Onde originalmente se encontrava a porta do cômodo, apenas tinha uma bela mesa com um imenso bolo sobre esta.

O questionamento quanto aos planos aparecem. O Redcap estava dentro se eles estavam pensando em apenas partir dali e agir de uma vez por todas. Johnny estrala os dedos da mão e é possível escutar o eco de pedras colidindo, como se duas placas tectônicas selassem o início de um novo cataclismo sísmico. Ele apenas concorda com a cabeça diante da ideia, partindo pra cima da mesa e analisando o que tinha.

Frutas... Claro que não! Suco... Puff! Só podiam estar brincando com a cara dele!

Ele olha o prato cheio de sardinhas e, logo após o gato preto saltar com uma delas em sua boca, o Redcap pega o restante pra si. Ele abre a bocarra repleta de dentes e despeja a porção considerável de peixe goela abaixo... mas ainda faltava algo... Claro! O Redcap, então, lança o prato em sua garganta, mastigando e estilhaçando a peça em milhões de pedacinhos. Parecia satisfeito at...

'- BUUUUUUUUUUUURRRRPPPP...'

Ele arrota.

Batendo em sua barriga levemente cheia, ele volta a atenção para a Mixordia. Já estava cansado e preferia partir logo, de preferência em sua moto. Ele via o gato preto caminhar rumo a sabe-se lá onde, tagarelando como sempre. Não parecia ser o mais indicado para seguir para algum lugar. 

O Redcap então pega a chave de sua moto, girando-a no seu dedo indicador direito.

O Troll começava a se abanar afetadamente enquanto com a outra enorme mão pega cubos de gelo e passa na nuca aliviando o profundo calor enquanto escutava os demais. 

O Gigante do Gelo então fala: 

"- Olha eu também acho que esse negócio de planejar demais é muito chato e banal! Mas podemos ir até próximo de lá e observar um local para traçarmos um plano! Podemos tirar a jovem do local e um outro grupo fica responsável pelo carro fuga. Chô é um excelente motorista!" fala inocentemente o Troll enquanto faz carinho na cabeça do Pooka como se ele fosse um animalzinho, mesmo que na forma humana. 

"- O Importante é salvarmos a menina logo, antes que o pior aconteça! Coragem não nos falta!"

A trupe parecia disposta a partir, mas Dionisius parecia gostar da companhia daquele pessoal. Pret meio que ri para o nada e, discretamente, entra em uma porta que surge no salão retornando pouco tempo depois com 5 broches em uma de suas mãos.



Eles tinham a forma de um lirio da paz e eram extremamente delicados, parecendo serem feitos de algum tipo de papel.

Ele entrega 1 para cada membro da mixordia que, já no primeiro toque ao objeto, sentem uma sensação de conforto e bem estar.

Ele então fala:

'- Isso vai proteger vocês e, se a situação ficar complicada, engulam a flor. Éfeita de papel de arroz.'

O pequeno boggan olha em volta e continua agora conversando com a casa:

'- Didi, a gente tem que ir resgatar uma menina. Se você não deixar a gente ir eu vou ficar muito chateado, em? Vou passar 1 mês sem chamar mas ninguém pra uma suruba.'

Pret sentia que a casa quase refletia sobre a ameaça. Mas aquele era um parte um Freehold Boggan e ele não deixaria de cuidar dos seus hóspedes, quer eles queiram ou não.

Diante da fala, outro bolo gigante ao lado do bolo gigante que já estava lá surge. O cenário era esse: O freehold estava sem portas e janelas com agora dois bolos gigantes em cima de uma mesa onde anteriormente estava a porta. Pret sabia que seu Freehold era genioso e que queria alguma coisa para se dar por satisfeito.

Liberio parecia um pouco irritado com aquilo e fala:
"Oddio! Eu já falei para transformarmos todo esse lugar em uma grande casa de Swing, toda vez é a mesma coisa! A gente tem que adivinhar o que a casa quer!"

Dandara examina a pequena flor de papel dada por Pret. Era tão pequena e delicada que o papel de arroz poderia ser facilmente confundido com uma pétala verdadeira ou mesmo da asa de uma borboleta asa de vidro.

Fecha os olhos e faz uma suave reverência:

"- Obrigada, Pret. Toda proteção será válida..."

Voltando da reverência olha para o bolo enorme que se materializava ao lado do primeiro:

"- Menos quando a proteção nos impede de seguir nosso caminho."

A Wylder anda pelo cômodo, ainda pensando nas palavras do Sátiro.

"- Bom... se fosse uma suruba o que a casa quer, teríamos apetrechos e não, bolo."

Vai até onde seria a porta, pega uma fatia da guloseima e pergunta para a casa:

"- E se nós prometermos trazer visitas para um bom chá da tarde? Daqueles com especiarias e biscoitos amanteigados, Didi? Isso lhe agradaria?"

Aguarda alguma dica vinda do Freehold.

O não-plano parecia ser a premissa para todos os membros daquela Mixórdia que começava a surgir em meio as rachaduras do asfalto daquela cidade. Uma flor nascia na rua! Não qualquer flor, mas uma flor silvestre e livre, pronta para invadir e retomar todos os cantos daquela cidade cinza, apesar de bela. O Troll dá sua palavra de ordem meio afetada e o Boogan sai rapidamente da sala. Johnny, curioso, espera impacientemente seu retorno.

Pret retorna com alguns broches em mãos. Ele entrega um para cada membro. Muralha, mesmo enluvado, sente a sensação de conforto e bem-estar ultrapassar a couraça abrutalhada de sua manopla direita, onde o lírio de dourado-mas-feito-de-papel repousava no meio de sua enorme mão. Parecia um grão de areia, mas um grão com uma força incrível e magnânima. E tinha seu poder, como a explicação do Boogan logo deixou claro.

Johnny assentiu com a cabeça, em agradecimento, e prendeu o broche na parte interna de sua jaqueta de couro. Ao abri-lo era possível ver que como na parte externa, haviam alguns broches já existentes. Ele prende o lírio ao lado da insígnia dos balaios dos Redcaps e de um broche em formato de uma caveira flamejante.

Broche guardado, ele observa Pret a iniciar uma conversa com o nada... ou mais precisamente com a própria casa. O freehold parecia querer mantê-los ali dentro e o Boogan tentava negociar. Mais uma vez, Muralha se via estressado com a situação... quem diabos tinha a porra de uma casa que decidia a maldita hora que ele poderia ou não sair? A praticidade do Redcap ansiava por liberdade, nem que ele próprio precisasse abrir o seu próprio caminho através das paredes daquela casa.

O companheiro de Pret, o sátiro lascivo, parecia tão irritado quanto. A casa achava que eles tinham tempo para trepadas de maricas e coisas do tipo. Johnny só pensava em uma coisa: em cumprir com o combinado. Eles tinham que salvar a menina e era isso que fariam! Ele não tinha tempo para atender os quereres de uma maldita casa punheteira que gostava de ver pessoas transarem freneticamente como coelhos.

Com agora dois enormes bolos na frente da Mixordia, Dandara começa a andar pelo cômodo. Ela vai até o bolo e pega uma fatia do mesmo, iniciando uma tratativa com Didi. Ela parecia propor algo menos sexual... estava jogando o jogo da casa. Johnny, apesar da fome já crescente no seu âmago, prefere aguardar. Sabe-se lá o que diabos a casa havia colocado dentro daquele bolo; era necessário ter cuidado com o ardil de uma casa tão temperamental como aquela.

*Oooooh.. uma FROR..* - Pensava um estufado e satisfeito Pooka...

Porém, dada a enfadonha conversa e o crescente sono daqueles que comeram demais, ele observa com espanto o surgimento de um segundo e imenso bolo...

*Por tudo aquilo que não cai... será que eles estão doentes?*

.. Era impensável ao pequeno gato de rua que os convidados não comessem comida de graça, e, fica satisfeito por ver pelo menos alguém que sabia o que era oportunidade..

*Deve ser pq também é preta...*

.. Entediado, e, em sua diminuta forma de gato, chô salta até a barba do gigante Redcap, tentando entrar nela para achar a pequena criatura que ali vivia e, parecia falar com o mudo, e, em sua hercúlea tentativa de se entranhar em uma barba que fedia a vômito, tripas e putrefação bradava..

"-Concerteza vocês vão achar a menina, mesmo sem ver o que está na frente de vocês... Comam, bebam e vambora..."

Ja quase pela metade dentro da barba carmesim, completa..

"-Vem cá seu Pokemon pequeno, devolve os dentes desse Redcap que ele precisa comer.."

As coisas se desenrolam muito rápido. O gato preto pula no meio da barba desgrenhada e rubra do Redcap, que, num ato reflexo, leva a sua mão por entre os fios cor-de-carmim. Johnny não tem muita dificuldade em segurar o gato pelas pregas de suas costas e erguê-lo diante de seus olhos amarelados. Ele o encara fixamente e bufa, rosnando para o Pooka, que poderia sentir de longe o cheiro pútrido do hálito do Rezingão... de perto, era melhor estar beeeeem longe....

'- GRRRRRR...'

Sabendo que afastar-se poderia ser o desejo do Pooka depois da experiência, Muralha o joga sobre a mesa, em direção ao bolo que a Eshu havia terminado de partir. O pequeno corpo felpudo se catapulta pelos ares e cai direto no bolo, esparramando glacê, cobertura e pasta americana para todos os lados. O Redcap, pois bem, sorri ao Pooka... talvez bolo com cobertura de gato, ou gato coberto com bolo, fosse uma iguaria saborosa...

*Cadê.. Cadê.. Cadê...*

O mundo então finalmente faz sentido...

*É isso... finalmente estou indo para o Além, eu sabia, SABIA...*

..Ele era tragado em uma direção completamente anti-natural, ele saia de um ambiente escuro e fétido rapidamente..

*EU FUI UM BOM GATO, EU FUI UM BOM GATO...*

.. O Aroma era doce e as nuvens que o recebiam também..

*Eu? Bom?*

"-Nããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããoooooooooooooooo" - O miado lamurioso é sentido por todos - "EU ESTOU VIIIIIVOOOOOO"

E Agora, como um gato malhado, tendo suas partes pretas maculadas pela cobertura do bolo, ele sai de dentro do que um dia fora um belo bolo, senta-se imediatamente ao lado da bandeja do mesmo, e diz.

"-Perdão pelo meu companheiro agradável Freehold, ele, diferente do resto de nós não tem bons modos e não sabe receber os devidos cuidados com a educação apropriada.."

E, imediatamente começa a lamber a cobertura que agora adornavam seus bagos..

"-E o Resto de vocês? Vão ficar só olhando?"

O Troll observava as movimentações, recebe e agredece o broche do Boogan enquanto o guarda:

"- Que lindo! Amei!"

 e responde a última pergunta do gato enquanto escora sua gigantesca espada no ombro e come um último pedaço de bolo: 


"- Eu estou pronto! Como vamos até lá?"

'Bom, já que vai ter bolo.' - Pret pega uma xícara de chá, corta um generoso pedaço de bolo e, com aparente satisfação, se põe a comer.

O gato faz seu típico melindre, imerso em glacê. O mesmo desaparece do nada, no meio do bolo. Vendo que o resto da Mixordia se aproxima do bolo e começa a comê-lo, o Redcap também se aproxima, mas averiguando pra onde o maldito Pooka havia ido. Ele tira um pedaço do bolo despedaçado, tentando ver se encontrava o gatuno. Com um pedaço de bolo amorfo em mãos, ele o joga pra dentro de sua garganta, ainda tentando procurar Chô em meio a todo aquele glacê.

Johnny, Frosti e Dandara comiam o bolo e tinham uma sensação estranha. Parecia que aquele bolo não havia caído bem, mas rapidamente essa ideia se esvai, era um bolo de um Freehold Boggan, era impossível que isso acontecesse. Após comerem o bolo, pareciam levemente drogados e um pouco diferentes.. como se estivessem tendo uma disossiação ainda maior da realidade do que já tinham, se é que isso era possível.

Johnny, por um momento, simplesmente não sentia mais fome, algo que nunca havia acontecido em toda a sua vida.. Tudo o que era, o terror que causava aos outros era de alguma forma destilado em seu estômago trazendo essa sensação.. E dessa vez apenas estava bem e via o como era bom ser normal. A sensação durava pouco e rapidamente vinha um novo incômodo, dessa vez era diferente.. olhava as paredes e via pequenas imperfeiçõs e aquilo o incomodava profundamente.. Uma parte do teto estava desnivelado, sua vontade era apenas de ir lá corrigir aquilo.

Já Frosti também sentia coisas estranhas, se sentia mal, uma sensação de culpa que simplesmente o enfraquecia, como se impedissem uma pessoa de respirar, se sentia sufocado e com uma vergonha extrema, apenas não sabia o porque. Tinha alguns flashes do que parecia ser suas vidas passadas também.. Onde, no retorno dos Sidhe, havia sido um guerreira a lutar contra os nobres que voltaram desonrados e orgulhosos. Lembrava disso e sentia que após tanto luta teria o direito dele mesmo governar. Também era parte do inverno e com certeza um Troll honrado saberia melhor do que ninguém do que os outros precisam.

Dandara conseguia apenas olhar para Frosti, o pássaro no seu ombro cantava freneticamente. Sua vontade era de se ajoelhar na frente do Troll e pedir perdão por tudo mesmo sem saber o que signficava aquele tudo. Percebia que havia aventuras que nem mesmo seus pés a levariam, a aventura dentro do próximo e principalmente dentro de si mesmo. A vontade de conhecer novamente cada pedaço do coração, medos e desejos de Frosti era quase como uma adaga q a apunhalhava, exarcebado pelo seu espírito Eshu pela aventura, aquilo era elevado a uma potência absurda. Não conseguia segurar as lágrimas enquanto pensava em todo o sofrimento que havia causado e doía mais ainda não saber nem o que havia feito nem os motivos. Tentava com todas as forças lembrar mas as Brumas não tinham perdão.

Frosti, por instinto, olha para a Eshu. Ela olhava para ele com lágrimas e culpa nos olhos. O Troll, completamente alheio a qualquer situação pensava apenas no seu amor daquela vida curta, aquele Sidhe que Frosti sabia que tinha algo errado, mas não se importava. Porém, olhava o pássaro no ombro de Dandara que cantava de forma frenética, aquele símbolo de traição tão vergonhoso do amor verdadeiro. Frosti se incomodava, pois sabia que a Eshu estava marcada para sempre, ninguém a amaria de novo por mais que ela merecesse ser amada. Então como um soco, sentiu vergonha, seu rosto chegava a esfumaçar com o rubor na pele de gelo. Analisava o pássaro e então o Sonhar pregava uma peça com ele o permitindo lembrar o suficiente para saber: Era por Frosti que aquele pássaro existia no ombro de Dandara. Era a única coisa que lembrava.

E então tudo ficava escuro como se o três simplesmente apagassem.

OFF: Vai continuar

Pret comia o bolo, sabia que seu Freehold era extremamente controlador, uma característica importante para quem quer cuidar dos outros afinal, era um consenso comum que as pessoas sempre sabiam o que queriam, mas raramente sabiam o que precisavam. E como uma extensão do Boggan, seu santuário fazia o mesmo.

Seu companheiro de aventuras Liberio, não apenas comia o bolo, ele passava pelo peito sem camisa, falando para Pret:

" - Você já experimentou isso? Ta aí algo que eu nunca tinha feito."

Havia algo estranho no ar, o fato do sotaque de Liberio ter desaparecido tornada aquilo mais estranho ainda. O Sátiro se divertia com a situação enquanto perguntava:

" - Pret, você lembra quando tivemos que viajar a pé por 2 dias sem parar porque você tinha ouvido que alguém no outro vilarejo estava sofrendo e você inventou que precisava acabar com o sofrimento dele? Chegando lá o homem só tava gripado.. Morreu mesmo assim, naquele época uma gripe era fatal para eles.. Hoje em dia em 24 horas ele tava novo.."

Pret nunca tinha ouvido nada a respeito dessa história, ou simplesmente não lembrava, era difícil distinguir as duas coisas. Isso deixa o Boggan um pouco curioso sobre a relação com Liberio e do que já tinha acontecido talvez em outras vidas.

Finalmente, olhava para o restante do grupo e nota que eles se entreolhavam, o pássaro de Dandara cantava de forma alta como se sua vida dependesse disso, seu talento natural mostrava que ali, entre ela e Frosti havia uma conexão forte de amor e traição. Estranhamente, até mesmo Johnny parecia envolvido nisso de alguma forma. Pret se lembra o quanto, no final, eles era apenas joguetes do Sonhar, uma forma que ele tinha de manter os humanos acreditando no fantástico, nem que para isso tivesse que destruir a vida de todos os Kithain ao seu redor. O Sonhar não era consciente, mas tinha um instinto de sobrevivência.

Havia alguma coisa acontecendo e em um instante o Boggan se assusta com uma luz fortíssima saindo dos corpos de Johnny, Frosti e Dandara. As luzes saíam, rodopiavam pela sala e saiam escancarando a porta, que agora existia novamente, do Freehold indo embora com uma velocidade alucinante.

No chão, havia o corpo mortal dos três. Três cascas vazias, Johnny um homem mais baixo do que seu aspecto faérico com uma barba suja, calças rasgadas e uma camisa velha de banda. Frosti era apenas um homem que parecia frágil, cabelos loiros e uma pele quase transparente e Dandara, uma mulher negra com uma expressão ainda régia porém que demonstrava em seu rosto um cansaço inacreditável. Apenas três corpos mortais apagados, nenhum resquício de Glamour, nenhum resquício de vida, exceto uma respiração espaçada.

Um brilho também chama a atenção de Pret na mão dos corpos, na mão cada um dos corpos via um pingente, era diferente em cada pessoa e havia um brilho fraco, mas constante, em todos eles apontando na mesma direção.

Ao lado do corpo de Frosti, tinha um pingente de uma espada com um brilho azulado preso a uma coroa dourada:


Junto à Dandara uma pedra que havia um brilho dourado pulsante dentro dela, o brilho pulsava constantemente como se quisesse sair.


Já com Johnny, havia um pingente em um formato de um grande dente com sangue dentro. o sangue se movia ali no interior através de minúsculas engrenagens.
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